O ser humano é viciado em posses.
Queremos sempre mais – um carro
novo, aquela roupa da moda, um tênis que foi lançado, o celular com mais
funções.
Gostamos da sensação de TER, de POSSUIR.
Pior do que se apegar ao material
e acreditar que isso realmente é o que importa na vida, é transpor esse desejo
para as pessoas.
Como se já não bastasse todos os
nossos pertences, queremos que o outro nos pertença. Queremos ditar regras na
vida do outro, como se ele, do dia pra noite, nos pertencesse.
E nos esquecemos que ninguém JAMAIS
será propriedade de ninguém.
Contos de Fada Da Vida Real
Arrisco dizer que o ideal do amor
romântico é um dos principais culpados pela forma como nos relacionamos hoje.
Inspiramos-nos em ficção, em
poesia, em filmes.
E conseqüentemente, ficamos com
uma impressão errada de que, quando encontramos a nossa “metade”, precisamos
prendê-la para que ela não fuja. Transformamos nossos amores em cópias de Rapunzel
sem lembrar que existe sempre uma saída, nem que ela seja uma trança jogada
pela janela.
Engraçado pensar que usamos todos
os artifícios que temos em mão para tentar garantir que o outro não se vá,
quando jamais deveríamos querer que alguém fique com a gente por dó, pressão ou
obrigação.
Não existe nada mais lamentável
do que ver duas pessoas que continuam juntas e infelizes por estarem amarradas
por uma algema invisível.
A gente devia se envergonhar
disso.
Outro problema freqüente é que,
invés de procurarmos um outro inteiro, saímos atrás da “nossa metade”.
E, naturalmente, uma metade não
pode viver sem a outra. Então, queremos que o outro se adéqüe a nossos gostos,
ao nosso modelo de vida, às nossas preferências.
Mas o fato é que todo mundo é DIFERENTE.
E se você ama alguém, tem que
entender que precisa respeitar a individualidade, o espaço e o tempo do outro.
O outro não é a sua sombra, não é
seu reflexo no espelho.
A maior prova de amor que você
pode dar a alguém é amá-lo e deixá-lo livre.
Contrato de Relacionamento
Poucas coisas no mundo são tão
covardes quando querer matar a individualidade do outro.
Queremos descaracterizar a vítima
para que ela se adéqüe ao nosso mundo, sendo que, até algum tempo atrás, nada
na vida da pessoa tinha alguma conexão com a sua.
Estamos cada dia mais querendo
dar um jeito para que o outro não se interesse por mais ninguém, que a atenção
dele esteja única e exclusivamente voltada para nós...
Isto está destruindo os
relacionamentos, está transformando algo que deveria ser LEVE e DELICIOSO, em
algo pesado, um fardo a se carregar.
Não existe nada mais
recompensador do que saber que o outro está com você por LIVRE e ESPONTÂNEA
vontade e não porque tem medo ou se sente obrigado.
Ele está com você porque te
escolheu dentre milhares de outras pessoas.
E acreditamos que o
relacionamento tem que ser feito de escolhas diárias.
Você precisa olhar para o outro
todos os dias e pensar: hoje, mais uma vez, eu o escolho... Isso é lindo
demais.
Temos que entender de uma vez por
todas que a LIBERDADE precisa vir acima do AMOR.
A liberdade é o bem mais precioso
que a gente tem e se o amor está de alguma forma privando o outro desse
direito, então isso é tudo, menos amor.
A liberdade precisa ser um
critério na sua vida – qualquer coisa que tenha a intenção de destruir ou se
apoderar da sua liberdade, está errado, faz mal.
Outro dia ouvi de um amigo que
ele não iria viajar com a galera porque sua namorada não tinha deixado.
Ela não queria ir “porque não
conhecia ninguém” e, portanto, não deu permissão para que ele fosse. Quando
questionei qual o sentido disso ele respondeu: “Fazer o quê? Eu amo essa
mulher.” Juro que senti pena dele. Que tipo de amor é esse? Amor que controla
que reprime?
Acredito que isso acontece porque
idéias absurdas são colocadas na nossa mente desde que nascemos.
Crescemos e aprendemos que na
relação precisa haver posse, alianças, contratos e achamos isso tudo normal.
Precisamos ter coragem pra LIMPAR nossas MENTES dos velhos conceitos que nos
privam da FELICIDADE verdadeira.
Sempre que se deparar com um
desses, se questione, pense se aquilo realmente faz algum sentido pra você – ou
se só faz sentido para os outros.
Se descobrir que aquilo não passa
de uma imposição social, amasse os contratos e os rasgue com gosto.
Só assim você abre caminho pra
FELICIDADE real e abandona de vez os contos de fada.
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