Particularmente
não curto muito Arnaldo Jabor, mas tenho q concordar q muitas vezes ele tem as
palavras certas.
Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os
braços, sorri e dispara:
"eu sou de
ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".
No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos
descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos
consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e
reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.
A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar
na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos
em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim!
Mas por que reclamam depois? Será que os grupos tribalistas se
esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma
reação".
Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na
vida.
Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar na
boca, namorar e não ser de ninguém.
Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes
vão além do descompromisso, como:
- não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está
namorando mesmo depois de sair muitas vezes com a mesma pessoa, não se importar
se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Embora já saibam namorar,
"os tribalistas" não namoram.
Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de
nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir
que nada aconteceu, afinal, não estão namorando!
Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança?
A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais.
Assim como se deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga
somente o lado negativo das relações mais sólidas.
Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia
chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto
abraçados, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e
amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e
ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia
para ir ao cinema de mãos dadas... É transar por amor! Ter alguém para fazer e
receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é
ter "alguém para amar".
Já dizia o poeta que "amar se aprende amando".
A questão não é causal, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender a
amar se relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não
precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para
optarmos.
E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém.
É ter CORAGEM, ser AUTÊNTICO e se permitir viver um SENTIMENTO...
É arriscar, pagar para ver e correr atrás da FELICIDADE.
É doar e receber, é estar disponível de CORPO e ALMA, para que as SURPRESAS
da vida possam aparecer.
É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo
das coisas ruins.
Ser de todo mundo, não ser de ninguém, é ao mesmo que não ter ninguém
também...
É não ser livre para trocar e crescer...
É estar fadado ao fracasso emocional e a tão temida solidão...
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